27 de março de 2013

Sem nexo



Ele alertou a moça que gostava dele para não se aproximar, para não se apaixonar.

_ "Sou um perigo!" – Disse sem pensar três vezes.
Cansada de se dar sempre mal, o ouviu. Afastou-se. Foi um pouco dolorido.
_ "Tá bem, então." – Disse após pensar duas vezes.

Não era por uma questão de amor, não era uma questão de sonho, não era uma questão de compatibilidade. Era puramente escolha. Ele escolheu e ela aceitou sem questionar.

Não. Não, ok. Sem luta, sem esforço, sem risco. Apesar da falta de cores a vida não deixou de ser vivida. Ele ficou estático e cinza. Ela ficou helicoidal e amarela.

Mas em dias chuvosos e de reencontro ele aparecia no aeroporto trazendo bombons, vestindo camisa azul e encantando com um sorriso arrebatador. Conversavam sobre amenidades e se despediam com um abraço pegajoso, nunca queriam soltar desatar o laço, os braços. Mas soltavam, separavam e se afastavam. Cuidado! Cuidado! Cuidado!

E em algumas madrugadas frias ele tentava fazer-se presente através de mensagens telefônicas. Ela fingia não aceitar sua companhia, mas sorria e se aquecia. Relia e relia novamente. O silêncio imperava, mas dentro dela algo gritava. Vai! Vai!

Não era prudente. Ele avisou. Não era o certo. Socorro! Cuidado! Socorro! Cuidado! Me cuida?

Por Camila Blopes

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