Chatices de aeroporto

'Algumas coisas, por mais impossíveis que pareçam, a gente sabe,

bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo.'

Aqui neste lugar repleto de pessoas estranhas (mas bonitas e arrumadas) sentada num cantinho discreto (com o notebook no colo, de pernas cruzadas, óculos escuros e meu agasalho colorado) pensei em você.

Do meu lado apenas uma lata de Coca Zero. No dedo um anel de pedra branca (minhas unhas ainda são pintadas de rosa-choque).

Aguardo sem anseio ou preguiça a chamada de embarque. Ainda irei demorar chegar ao meu apartamento. A cada minuto a nossa distância muda, aumenta e diminui. É, seria cômico. Entretanto, não consigo compartilhar, meu senso de humor está alterado.

Nos fones de ouvido uma frequência que diz gerar felicidade, não estou contente. Não estou triste. Dois seres não param de olhar pra mim, pode ser por causa do baton nada discreto que resolvi passar, ou pode ser porque estou na área de visão deles, vai saber...

Isso aqui tá muito chato, cadê o ‘contente’ da minha dose? Ai, a minha Coca acabou e ainda sinto sede. Uma sede que não passará até um encontro. Destino? Nosso.

Por Camila Blopes
In Congonhas