Carol se sentia feia. Não que ela fosse de fato feia, mas se sentia feia. Ia a festas, mas não se divertia de verdade, se você a conhecesse não acreditaria em mim, pois o tempo todo ela mostrava os dentes num sorriso aberto.
Ela sorria para disfarçar incômodos. Achava ruim não ser notada, não ser desejada, não ser procurada. Carol era só mais uma na festa, aquela que todos viam, mas ninguém se interessava. E se alguém interessava, ela não acreditava, logo imaginava motivos para ignorar.
A menina queria ser feliz, mas para ela felicidade era ser querida por alguém. Era ter atenção de alguém. Era ser bonita. - “Mas quando se nasce apagada e feia como mudar?” - Essa era a maior dúvida de Carol.
Procurou respostas em psicólogos, psicanalistas, médicos, cartomantes, charlatões, livros de auto-ajuda, amigos, colegas, primas... e até em músicas, silêncios e estrelas. - Nada! -
Alguém sugeriu que comprasse roupas e sapatos novos. Assim ela fez. Ficou mais desajeitada ainda tentando se equilibrar em cima de um salto agulha da moda. Outro lhe indicou uma mandinga para ser feito na sexta-feira. Ela pensou em fazer, mas tinha medo de galinha. Não tinha grana para fazer cirurgia plástica, uma reconstrução de face, sugestão de alguns dos médicos que ela foi. Não sabia ser descolada, nem simpática, nem emo, nem punk, nem queria ter o cabelo vermelho com mechas azuis.
Cansada. Desacreditada. Chateada. Deprimida. Se viu em um beco sem saída. Sentiu que só podia se conformar em ser como ela mesma e que deveria tentar não almejar o que não podia ter. Quem sabe assim ficaria menos infeliz com a vida ‘até boa’ que ela tinha.
Se eu inventar um final feliz para a Carol, estarei mentido sua biografia, coisa que não faço. A vida de alguém é muito valiosa para se maquiar.
A garota não encontrou alguém que lhe quis. Impossível! Sim, impossível. Quando você não se quer, ninguém pode te querer. E ela também não ficou bonita, nem fez mandinga e nem plástica. Ela está em inércia. Morna. Talvez se um dia ela descobrir que não precisa ser bonita para ser feliz ela consiga quebrar o muro que faz o beco ficar sem saída.
Mas isso ninguém nem alguém pode fazer, somente ela. Carol.
11 comentários:
Ninguém poderá gostar de nós, enquanto nós não aprendermos a nos gostar também! bjs
A Carol pode fazer um pouco de companhia para a minha Anna, quem sabe uma não ajuda a outra? hehehe.
Te beijo.
Realmente tenho de concordar que assim fica dificil achar alguma felicidade...
Fique com Deus, menina Camila Blopes.
Um abraço.
O seu conto não tem um final feliz, mas tem o caminho para tentar ser. Mas bem se sabe que não é tão fácil seguir esse caminho.
abraço
Me identifiquei muito com a menina descrita na parte de ficar somente pelos cantos...
Passei uma adolescência meio complicada a respeito disso
Tenha uma boa semana!
=D
Só ela pode levantar o astral dela...ser outra pessoa...viver e ser feliz.
gostei da postagem
abraços
Hugo
primeiro precisamos gostar de nós mesmos, para que os outros também gostem da gente!
beijos, xará! :*
Sentir-se é pior
do que realmente
ser.
Eis a questão.
O evento do tipo, a ficha caiu se dá quando a gente percebe como é bom e importante apaixonarmo-nos por nós mesmos, uma aventura por toda a vida.
Beijo Camila.
Obrigada a todos pelos comentários.
BeijOs
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