Para aquele que sempre viverá em mim
Quando ele morreu, eu chorei tanto que pensei que morreria também. Não podia imaginar minha vida sem aquele olhar terno que me acompanhava desde o dia em que nasci. É verdade, ele morava distante de minha casa, porém ele se fazia tão presente e em todos os momentos importantes lembro-me dele a sorrir, mesmo sem mostrar os dentes, às vezes.
Com o passar do tempo ele parou de cantar e tocar seus instrumentos de corda para mim, sua mão ficou muito trêmula e não conseguia os acordes exatos, ele fica frustrado. Ele também começou a ter dificuldade em me ouvir e sentia que ele tinha vergonha em me pedir para repetir a fala ou aumentar o volume do telejornal, por isso eu falava um tanto quanto alto e deixava o volume elevado para ele.
Para celebrar mais um ano de vida, sempre fazíamos bolo e convidávamos a Banda de música que ele regeu anos afinco. Eu amava ver o rosto dele transbordante de alegria e satisfação.
Eu percebia que a cada aniversário ele parecia mais cansado, mas procurava lembrar apenas dos olhos risonhos dele. Tentava me enganar.
Até que um dia ele adoeceu e foi levado ao hospital, onde exames identificaram problemas sérios. Eu chorei preocupada, mas não deixava ele me ver assim.
Ele ficou internado. Vários dias. Muitas semanas. Alguns meses.
Não pude passar o reveillon com ele. Mas no primeiro dia do ano eu fui visitá-lo.
Sabe, ele estava tão debilitado, não só os belos cabelos estavam brancos, sua pele e seus lábios faltavam cor.
Me aproximei, o beijei, o olhei com carinho, mas não consegui ficar muito tempo, meus olhos estava marejados, minha voz embargada, mas consegui dizer antes que eu chorasse:
Com o passar do tempo ele parou de cantar e tocar seus instrumentos de corda para mim, sua mão ficou muito trêmula e não conseguia os acordes exatos, ele fica frustrado. Ele também começou a ter dificuldade em me ouvir e sentia que ele tinha vergonha em me pedir para repetir a fala ou aumentar o volume do telejornal, por isso eu falava um tanto quanto alto e deixava o volume elevado para ele.
Para celebrar mais um ano de vida, sempre fazíamos bolo e convidávamos a Banda de música que ele regeu anos afinco. Eu amava ver o rosto dele transbordante de alegria e satisfação.
Eu percebia que a cada aniversário ele parecia mais cansado, mas procurava lembrar apenas dos olhos risonhos dele. Tentava me enganar.
Até que um dia ele adoeceu e foi levado ao hospital, onde exames identificaram problemas sérios. Eu chorei preocupada, mas não deixava ele me ver assim.
Ele ficou internado. Vários dias. Muitas semanas. Alguns meses.
Não pude passar o reveillon com ele. Mas no primeiro dia do ano eu fui visitá-lo.
Sabe, ele estava tão debilitado, não só os belos cabelos estavam brancos, sua pele e seus lábios faltavam cor.
Me aproximei, o beijei, o olhei com carinho, mas não consegui ficar muito tempo, meus olhos estava marejados, minha voz embargada, mas consegui dizer antes que eu chorasse:
Vô eu te amo muito!
Desci e procurei alento nos braços de meu pai. Não queria que ele me visse triste.
Fomos embora, eu fui calada. Pressentia que iria perdê-lo em breve.
Naquele dia à tarde voltei para a cidade em que estava morando.
No segundo dia do ano recebi a pior notícia de minha vida, sim... Meu amado avô havia falecido. Chorei. Gritei. Não me conformei. Desacreditei. Me perdi.
Meu irmão mais velho quem providenciou nossa ida até a casa de minha vó. Eu não pensava, não acreditava, não respirava... apenas chorava.
Chorei no caminho até a cidade dele. Chorei quando abracei minha avó. Quando vi minha família inteira chorando. E chorei, desesperadamente, quando o vi dentro daquele escuro e frio caixão.
Madrugada adentro choramos. Pela manhã não conseguia mais chorar, pensar, ver, ouvir ou falar. Não conseguia ficar perto de minha mãe que continuava a chorar. Minha vó não saiu um segundo do lado dele. Algumas pessoas rezavam.
Um amigo meu, chegou e me deu a mão. A mão e um abraço. Acompanhou-me durante o trajeto até o cemitério. Ambos em silêncio, apenas de mãos dadas e olhar cúmplice.
Chorei ao ver a terra encobrindo-o.
Chorei quando todos estavam dando as costas para ele.
Minha vó sem forças foi carregada. Meu pai consolava minha mãe. Meus irmãos olhavam de longe, se lastimavam e escondiam as lágrimas. Eu? Eu morri um pouco, naquele dia.
Desci e procurei alento nos braços de meu pai. Não queria que ele me visse triste.
Fomos embora, eu fui calada. Pressentia que iria perdê-lo em breve.
Naquele dia à tarde voltei para a cidade em que estava morando.
No segundo dia do ano recebi a pior notícia de minha vida, sim... Meu amado avô havia falecido. Chorei. Gritei. Não me conformei. Desacreditei. Me perdi.
Meu irmão mais velho quem providenciou nossa ida até a casa de minha vó. Eu não pensava, não acreditava, não respirava... apenas chorava.
Chorei no caminho até a cidade dele. Chorei quando abracei minha avó. Quando vi minha família inteira chorando. E chorei, desesperadamente, quando o vi dentro daquele escuro e frio caixão.
Madrugada adentro choramos. Pela manhã não conseguia mais chorar, pensar, ver, ouvir ou falar. Não conseguia ficar perto de minha mãe que continuava a chorar. Minha vó não saiu um segundo do lado dele. Algumas pessoas rezavam.
Um amigo meu, chegou e me deu a mão. A mão e um abraço. Acompanhou-me durante o trajeto até o cemitério. Ambos em silêncio, apenas de mãos dadas e olhar cúmplice.
Chorei ao ver a terra encobrindo-o.
Chorei quando todos estavam dando as costas para ele.
Minha vó sem forças foi carregada. Meu pai consolava minha mãe. Meus irmãos olhavam de longe, se lastimavam e escondiam as lágrimas. Eu? Eu morri um pouco, naquele dia.
Por Camila Blopes
Aquela que amará eternamente seu avô Belo
Aquela que amará eternamente seu avô Belo
25 comentários:
=/
Sei que palavras não confortam, não aliviam nem um pouco a dor da perda, mas mesmo assim, por educação e respeito ao próximo, meus pêsames.
=/
é triste a morte
é algo que a gente sabe que existe mas que nunca iremos nos adaptar=/
Cá,
minha linda, a morte do meu vô foi parecida com a sua ...
Ele tinha cancer nas cordas vocais, o som da sua voz já não ouvia mais, só sussurros ...
E justo o que ele mais amava de fazer ele não podia mais, faalrm, torcer, gritar pelo timão que tanto ele amava ...
Ele não sabia que tinha cancer, não contamos pois tínhamos medo de sua reação, mas ele continuava firme e forte com a tão sonhada voz de volta ...
Um dia no hospital debilitado, sem esperança entrou uma médica onde estava eu e o meu vô, e ela nos iludiu com palavras de que meu vô fazendo a aoperação, ele voltaria a falar, eu e ele ficamos eufóricos, até qdo minha mãe chegou e ficou sabendo da tal atitude da médica, era inverídica.
Não era verdade, meu vô não tinha mais chances de voltar a falar, a tal médica voltou ao quarto, pediu desculpas e falou a tal palavra ... o seu câncer não tem mais volta ...
Pra quê, meu vô na mesma hora murchou, morreu, e logo ntrou em coma, mas antes, me deu um beijo, pediu que eu cuidasse da minha vó e disse que me amava muito e depois entrou em coma profundo, irreversível...
Mal acreditava coisas de segundo ...
Minha mãe não saia do seu lado, e uma hora pediu a Deus que o seu pai meu vô não sofresse mais, que o levasse, que ele descansasse enfim ...
E foi o que aconteceu ...
Foi duro, doloroso e desesperador, mas gurado até hj em meu coração suas atitudes, brincadeiras e sua doença pelo nosso time amado.
Ele amava sorvete de flocos, até hj quando o compro lembro do meu belo vô de olhos verdes...
Há pessoas que passam em nossas vidas e que jamais esquecemo-as ...
Um beijo grande minha linda ...
E que essa nebulosidade acabe e que o rosa volte o quanto antes em sua vida ...
Beijo enorme
Belo texto, emocionante. Não tenho mais nem o que dizer, apenas ficar em silêncio nessas horas.
Beijão
Camilinha, nessas horas qualquer palavra dita/escrita é inútil, mas o que eu posso fazer é te abraçar, mesmo virtualmente, mas sinta o meu carinho até ti!! Eu desejo toodo amor do mundo pra vc!
Florzinha, eu sei o que vc está passando, eu já escrevi sobre isso aqui:
hhttp://minhasmares.blogspot.com/2009/01/death.html
BEijos e um abraçao pra ti!!
A vida é um ciclo menina, sei que é duro perder uma pessoa muito querida, mas ele deixou suas marcas aqui. Era hora dele segui outro caminho. Com certeza todos nós nos encontraremos algum dia. Se assim não for qual o sentido dessa vida aqui? Bjos com ternura.
Juro q nem li tudo... não quero chorar.. também perdi meu avô que era a razão do meu viver!!! eu tinha 08 anos, mas até hoje eu sinto a dor...
força...
Nossos familiares nos ensinam muira coisa ne....sao nosso ponto forte..e ele com certeza descança em paz e de ajuda nos ensinamentos de sua vida...
bjaoo
Eu chorei quando li ...
eu chorei por lembrar ...
mas fico feliz em lembrar, dos belos dias... das boas gargalhadas... so sorriso amigo e sincero de um Pai ... um segundo pai para mim...
o tempo não cura .. mas alivia....
garanto que ele não iria querer que seu mundo ficase Cinza, jah que ele conheceu o seu mundo Rosa...
Abraço gigantesco! apertadoo!! moça dos caminhos cor de rosa~
Menina, foi tão parecido a história do seu avô com a do meu, que me emocionei agora, lembrando cada detalhe daquele ano em que me senti um tanto mais órfã!
Meu avô tb tocava.. ñ numa banda, mas tocava sax e trompete... fumava demais. Teve enfizema pulmonar, tinha diabetes e o resto, foi igualzinho como vc descreveu. Foi horrível vê-lo indo aos poucos! Eu sinto mta falta dele até hj!
Bjos, fica bem!
Camila,
Que deus conforte o seu coração!
Bj
Flor linda!
Sinto pela sua perca...
Fica em paz.
Bjos de luz!
É a perda não é facil, mas se faz presente em todos, lidar com ela é um aprendizado unico e muito dolorido...nesses momentos a melhor coisa é ficar acolhido nos braços de quem amamos...
bjs!!!
Sei oq ue você sentiu me senti assimq uando perdi a minha avó, só que você teve chance de se despedir, eu não já não morava perto dela,ela queria ter me visto pela web cam mas eu estava off então ela foi dormir,deu boa noite para a minha irmã e não acordu mais,não estava doente nem nada semplesmente a máquina que a mantinha viva parou:o coração,quando soube meu mundo caiu,parecia que tinham me arrancado um pedaço do coração doía tanto e ainda doí amiga mas fazer o que se a vida e assim...super beijo fica na paz!
Eu sei exatamente como tu tá te sentindo. Perdi meu avô há dez dias...
Quando descobrir como fazer pra superar essa dor infindável, me avise.
Beijo, fique com Deus!
Flor, perdoe minha ausencia.
E ah, isso tudo é tão triste, que não há nada a ser dito. A não ser, que se espera que ele esteja em paz, num lugar muito melhor que esse nosso mundo de loucos.
;*
Ç.Ç
Espero que logo o rosa volte a colorir teus caminhos, Cah!
beijos e borboleteios a ti
Emocionante...
Sei como é isso, mas é a vida...
Guarde as boas lembranças, pense com carinho que ele sempre estará contigo.
beijos
Nada confortara, neste momento...
Saiba que te li e que oro por você e pela sua familia...
bjs
Há momentos assim pintados de cinza pela partida de alguém que tanto amamos. Já passei pelo mesmo e sei que ainda hoje não superei a sua falta, apenas aprendi a falar com o meu avô de outra forma
beijos e tudo de bom
Moça,
A morte é triste, mas é um momento de passagem do Exílio para a verdadeira vida!
É doloroso, é triste, mas deve ser motivo de alegria tb, ele agora esta num lugar muito melhor do que nós e olhando por vc!
Bj.
Meus sentimentos... Tbm passei por isso! Vi meu avô ir morar com Deus...
Camila, que texto emocionante.
Meus olhos lisos encheram de lágrimas. Lembrei de meu avô e de minha avó por parte de mãe, que já partiram deste mundo.
A morte é triste, mas faz parte da nossa vida. Por isso, que não devemos jogar o tempo fora, e sim, vivê-los, e vivêlos da melhor forma possível.
Eu aprendi a valorizá-lo, depois de aprender a viver a vida.
Camila, espero que teu mundo "pink", volte o mais minuto possível.
Eu a Kari, desejamos o melhor para ti, visse? heheh
beijos!!!
Marcos Seiter
Vocês são incriveis!
Beijos
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