Ela se escondia atrás de blusas largas e cabelo comprido. Tinha vinte e poucos anos, morava com colegas de faculdade, não tinha namorado e pouco bebia. Seu refúgio era a comida: ‘muito, por favor!’. A garota era sentimental, possessiva e ciumenta. Gostava de amores platônicos. ‘Pobre menina!’ – Era o que diziam dela.
Em um dia qualquer, numa tarde como outra qualquer, num minuto qualquer, houve a explosão! Booom! Ela sentiu vontade de tocar fogo em tudo e renascer. E apesar do medo, assim ela fez. Se fez, refez, nasceu, renasceu. Transformação diante dos olhos de todos, visível e palpável. E invisível e silenciosa também, de dentro.
A garota não era mais cativa da comida. Liberdade batalhada, suada, dolorosa e merecida. Renovou seu guarda-roupa, conheceu pessoas novas, abandonou alguns maus hábitos e ganhou outros... Ela começou a gostar de viver. Trocou de emprego, mudou de cidade, de vida. Cortou os cabelos e começou a sorrir bonito. Enfim topou com a tal felicidade: ‘mais, por favor!’. Ela ainda é sentimental, possessiva e ciumenta. ‘Bela mulher!’ – É o que dizem dela.
Nada está próximo da inércia. Ela ainda é sentimental, possessiva e ciumenta. Ainda gosta de amores platônicos e tem dificuldade em se relacionar. Entretanto ela segue o caminho que quer. Onde deseja chegar é uma incógnita, ainda não se decidiu. Talvez esse seja o combustível da vida: descobrir. Sonho é o que faz a combustão acontecer. E os amores lubrificam toda essa engrenagem, aparentemente pesada. Não, ela não deseja estacionar. Quer mais: ‘estradas, eu preciso.’
Por Camila Blopes
2 comentários:
Sabe quando vc ler uma coisa que precisava ler? Hoje foi assim...
Por mais que a gente mude, tem umas coisas "nossas" que sao dificeis de mudar... E que, de certa forma, sao o que nos tornam tao unicos....
Beijos,
Kari
Brigada querida!
Beijcas
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