(São mais de onze da noite)
Já estou de corpo lavado e visto meu pijama verde. Aquele velho, de malha, sem estampas ou brilho. Está tudo escuro, exceto a tela do meu computador, ainda bem que minha memória não falha ao localizar cada letrinha em seu lugar neste teclado preto. Consigo enxergar minhas mãos, reparo bem nelas. Minhas unhas compridas, pintadas de cor de rosa, e na mão direita dois anéis largos de inox, um no dedo anular e outro no polegar, na mão esquerda uma pulseira de contas rosa contendo em cada uma delas há pequenas letras (ou seria palavras? Ou diagramas?) em Japonês (ou seria Chinês?). Já nem sei. Estou confusa e atordoada. Lembro daquelas palavras me feriram, sinto ódio delas, ódio de mim por não acreditar nelas. Tudo perde o sentido repentinamente.
[..]
Paro... Reparo em cada letra acima... É estranho esses contornos terem tanto significado. Agora estou sentindo como um analfabeto em frente a um espesso livro de romance, mas sou um analfabeto que sabe Matemática como um mestre. Não consigo parar de pensar em números. Estou começando a ficar irritada e apreensiva. Fecho os olhos, respiro profundamente. Me acalmo ao sentir esse doce cheiro de incenso pelo ar.
Consigo me lembrar que estou segura, de pijama verde, em meu quarto escuro. Sozinha.
Sozinha. Sozinha. Sozinha.
[..]
Paro... Reparo em cada letra acima... É estranho esses contornos terem tanto significado. Agora estou sentindo como um analfabeto em frente a um espesso livro de romance, mas sou um analfabeto que sabe Matemática como um mestre. Não consigo parar de pensar em números. Estou começando a ficar irritada e apreensiva. Fecho os olhos, respiro profundamente. Me acalmo ao sentir esse doce cheiro de incenso pelo ar.
Consigo me lembrar que estou segura, de pijama verde, em meu quarto escuro. Sozinha.
Sozinha. Sozinha. Sozinha.
Por Camila Blopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário