Acordou sozinho e com frio, andou meio sem rumo pela casa. Lavou o rosto com água fria e ao olhar no espelho reconheceu os sinais da má noite de sono. Apesar da preguiça recolheu todos os restos do final de semana, colocou em um saco de lixo preto e o depositou na lixeira em frente sua casa. Queria exorciza-la de tudo, até do seu lixo. Voltou de mãos e coração vazio, sentou no sofá velho e macio e lembrou-se dos momentos que esteve com ela. Sentiu raiva, sentiu tristeza, sentiu-se idiota. Não acreditava no quão ingênuo e tolo havia sido em ter acreditado que eles poderiam dar certo.
Ela era inconstante, meio nômade e insegura, tão complexa quanto ele. Tão incompleta que causava confusão por onde ficava. Ela jamais dissera: ‘eu te amo’. Ele jamais dissera: ‘você é linda do jeito que é’. Ele tão rock, ela tão soul. Como pode? Onde estava com a cabeça? Qual o motivo? Por quê?
_ Merda! – Era só o que ele repetia quando sentia saudade dela.
Desistiu de bancar o durão e entregou-se ao que sentia, permitiu-se sentir intensamente. Dor piegas e sem precedente, sem lógica e sem noção. Doeu-se por inteiro. Depois das primeiras noites (e dias) de choros convulsivos aquela dor já não era mais uma estranha em seu ninho, ele a acolheu e tratou-a com carinho.
_ O bicho humano acostuma com tudo. – Sempre se lembrava.
Ela não deu noticias, não o procurou, não quis mais saber deles. Ele fez o mesmo, apesar de ter certeza que sentia muito mais falta daquela moça marrenta, que pudesse admitir. E então os dias foram passando, a dor se afastando. E ele tinha certeza que um dia a tal dor o abandonaria, assim como a moça. Pensando calmamente, sentiu-se poderoso e preparado, já era mestre em lidar com rejeições. É, com tudo se acostuma...
Por Camila Blopes
4 comentários:
acostuma-se, mas nao esquece.
Qdo é assim, lembramos o qto somos impotente perante as atitudes do outro. E que n]ão importa o qto a gente se importe, o qto a gente sinta... nada importa mais!!!
Beijinhos!
xD
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