13 de março de 2011

Ah Paris!


Eu queria poder me dar o luxo de surtar. Minha vontade agora é de passar no RH, pedir demissão. Sacar todo (pouco) dinheiro que tenho no banco, juntar com o acerto trabalhista e fugir. Fugir desses fantasmas malditos que correm atrás de mim.
Queria comprar uma passagem e realizar meu sonho: conhecer Paris. Ah Paris! Cidade Luz! O que mais necessito agora é de luz. Estou perdida. Inerte. Uma escuridão me rodeia. Me cega, me cala, me sufoca, me faz chorar.


Desembarcar sem saber onde iria dormir, se iria dormir. Sem saber falar nada em Francês, sem destino, sem roteiro sem guia. Acho que iria direto, para a torre Eiffel. Ah como eu amo esse monumento. Não sei bem o motivo, mas tenho um fascínio sobre ela. Queria ficar sentadinha em um lugar onde eu pudesse observa-la. Sozinha. Silenciosamente. Certamente eu iria chorar e ficar pensando nele.
Não sei se conseguiria dormir no primeiro dia. Nem no segundo. Iria ao Louvre. Visitaria o Palácio dos Inválidos, e o Palácio de Versalhes, descobrindo cada flor daquele imenso jardim. Iria experimentar aqueles pratos chiques, faria algumas compras e continuaria meu tour.


Meu dinheiro deveria estar no fim nessa altura, e eu também não estaria feliz. Acho que os fantasmas ainda estariam comigo. Fugir não resolve nada. Não resolve mesmo, eu sei. Mas antes que saísse meu voo eu iria ao Arco do Trinfo, encostaria minha mão direita em uma coluna, pensaria nele com toda força. E deixaria transbordar todas as lágrimas que quisessem vir. Não reprimiria nada. Deixaria fluir. Deixaria sair. O deixaria.

Então seca, vazia, mas repleta de Paris, voltaria ao Brasil. Pediria socorro a minha mãe. Sofreria mais um pouco por amor.
Algum tempo depois, ou muito não sei, eu acordaria disposta a recomeçar. Iria até passar perfume e batom novamente, sairia para procurar emprego e como uma pessoa normal iria tocar minha vida como se nunca tivesse estado a beira de colapso.
Mas não, não posso... eu preciso do meu emprego e gosto do que eu faço. Não posso fugir de tudo só porque ele fugiu de mim... não posso. Eu preciso continuar.
Em frente... em frente. Uma hora vai passar, tudo vai ficar bem. Eu preciso continuar...


Por Camila Blopes

8 comentários:

jujuba disse...

a vida segue, e, ironicamente, fugir não é uma das melhores formas de acompanhá-la. Vai passar.

Cynthia Brito disse...

Camila, querida, talvez este andarilho nem seja tão pesado assim. A vida é muito complicada mas sempre existe um caminho certo, exato, bom - ainda que não seja fácil.

Beijos e boa sorte com a vida :D

Com amor,
Cynthia :*

Suzana Martins disse...

Ah Camilinha, você escreveu tudo o que estava em meus dedos, todo o meu sentir e a minha paixão em deixar tudo e ir pra Paris!!

Beijos linda

Tiago Fabris Rendelli disse...

Seguimos, mesmo que as vezes seja doído. Seguimos porque sempre há a possibilidade do sublime aparecer em nossas vida.

Assim penso.

T.

Anônimo disse...

Olá, novo endereço do meu blog: http://palavreando-me.blogspot.com/

Aguardo sua visita!
Abraços!

Toninho Moura disse...

E não foi ainda por quê? Vai esperar ter juízo suficiente para não fazer isso?

Fê Miceli disse...

Nossa, que post inspirador! Queria poder ter a coragem de jogar tudo para o alto, sem me importar com o amanhã e simplesmente partir, sem destino, deixando a vida me levar...

Adorei o blog e já estou seguindo

bjs

Camila disse...

Obrigada a todos pelo carinho!
Muito bom receber o comentário de vocês.
BeijOs